domingo, 1 de maio de 2011

João Paulo II Missionário



«Veio de longe», viagens apostólicas, Redemptoris Missio, sínodos, JMJ, Assis, «Não tenham medo!». Estas são as imagens de marca das opções missionárias de João Paulo II. Não se assustem com as siglas nem com o latim.

A 1 de Maio, Karol Wojtyla sobe aos altares, apontado pela Igreja como testemunha credível da vida cristã para o nosso tempo. Ele foi um Papa escritor e, sobre ele, muito se escreveu e escreve. Gostava, contudo, de fazer uma focagem nas suas intervenções, onde a dimensão missionária veio ao de cima.
«Veio de longe», do outro lado do Muro de Berlim, da sua Polónia natal, onde a Igreja era perseguida, a liberdade reduzida a uma palavra de dicionário e os direitos humanos constantemente espezinhados. A sua missão exigia, neste contexto, uma coragem à prova da fé. E ele teve-a, pagando caro por tal ousadia. Mais tarde, como Papa, a partir de Roma, deu um tal empurrão que o Muro caiu.

Abriu o Vaticano ao mundo, voando ao encontro de povos e culturas, dando diversas voltas à terra nas suas viagens apostólicas para proclamar bem alto o Evangelho, confirmando a caminhada de fé das comunidades. Proclamou, alto e bom som, os valores humanos gravados nas páginas dos evangelhos e denunciou todos os atentados à dignidade e aos direitos humanos, sobretudo dos mais pobres.

Publicou a Redemptoris Missio – A Missão do Redentor - a encíclica missionária por excelência, onde está escrito que todos os cristãos são chamados à santidade e à missão. Lá se apresenta o Espírito Santo como protagonista da missão e se chama a atenção para os novos areópagos dos tempos modernos, que são chamados pelos próprios nomes: o mundo das comunicações, o empenhamento pela paz, o desenvolvimento e a libertação dos povos, a promoção da mulher e da criança, a protecção da natureza, o mundo da cultura, da pesquisa científica e das relações internacionais.

Lançou os sínodos dos bispos para cada um dos continentes, reconhecendo a riqueza da diversidade, mas apelando à comunhão de todas as comunidades. Defendeu uma Igreja que está presente nos quatro cantos da terra, com histórias e formas de ser diferentes.
Convocou, em 1985, os jovens do mundo inteiro a Roma para se encontrar com eles, rezar e fazer festa, dizendo-lhes que confiava neles, pois a Igreja só será jovem quando os jovens forem Igreja. Madrid acolhe este Verão a 26ª edição das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), um espaço de Missão no «Planeta Jovem».
Assis fica para a história como a terra onde nasceu São Francisco, o símbolo da paz e da fraternidade universal. Foi lá que João Paulo II, em 1986, se encontrou com os líderes das principais religiões do mundo para um tempo de reflexão e oração pela paz. O «espírito de Assis» mantém-se vivo e Bento XVI lá irá para marcar os 25 anos deste momento histórico e para carimbar a importância do ecumenismo e do diálogo inter-religioso.
Da janela do Vaticano, Karol Wojtyla gritou um «não tenham medo», que todo o mundo ouviu e guardou no coração. Com a sua vida e missão marcou a Igreja e a humanidade. Merece o altar.

Pe. Tony Neves