segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Mensagem de D. Antonino Dias para a Quaresma de 2012


CUMPRIR O ACORDADO E ASSUMIR A DIVIDA


De novo a Quaresma, tempo privilegiado para fazer uma auto sindicância e rever a dívida, causa da grande crise que a todos afeta. Há dívidas que procuramos, na esperança de melhorar as condições de vida e com a certeza de que as podemos pagar. Há dívidas contraídas por momentos de necessidade extrema e outras por necessidade de arriscar em projetos de crescimento económico. Há, porém, dívidas que não se devem contrair pois só servem para aparentar o que se não é nem tem. Há dívidas provocadas por loucuras inexplicáveis, por vaidades e levezas, por falta de austeridade e por administrações desastrosas. Há, ainda, outra espécie de dívidas muito mais terríveis e prejudiciais, a influenciar mercados, bancos, bolsas e agiotas, e que estão também na génese de algumas daquelas que enumerámos. São, por exemplo, as dívidas à honestidade, à honradez, à fortaleza de ânimo, à justiça, à família, à vida, ao trabalho, à coerência, à dedicação, ao interesse pelos outros, à partilha, à solidariedade, à fidelidade, à conversão... São mesmo muitos os credores!...
Endividados até às orelhas ao básico da convivência social sadia, e como se isso não bastasse, empoleiramo-nos no escadote das nossas razões para saudar e acolher a preguiça, os preconceitos, a autosuficiência, o pensar que a culpa é dos outros, o comodismo subjectivista, o egoísmo e quejandos que alegremente nos comprometem ainda mais e fazem aumentar, mergulhar e afundar na bancarrota, pessoal e coletiva. Desta crise de endividamento gigantesco só conseguiremos libertar-nos quando decidirmos investir a diversidade dos talentos que nos foram dados, com amor, como dom; quando, de toalha à cinta e sem luvas, não tivermos medo de sujar as mãos e formos capazes de olhar ao redor e reconhecer onde podemos e devemos investir a nossa inteligência, a nossa vontade, o nosso coração e os talentos doados.
E quando a retoma for palpável, constataremos que devemos muito mais, que somos extremamente devedores e sem possibilidade de voltar as costas à pacífica e sofredora presença dos credores: os pobres, os injustiçados, o próximo. Embora, por condescendência amorosa do bom Deus, tenhamos a vida inteira para o fazer, há dívidas que não se podem negociar nem se conseguem pagar por mais que as tentemos amortizar. Que o digam os Santos: viveram num frenesim constante para amar cada vez mais. Sem quererem acompanhar a moda, sem reivindicar nem propalar as suas ações para se fazerem valer e ser aplaudidos, consideravam-se em situação de “lixo”!... “Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer”(Lc 17,10).
Estas dívidas pertencem ao âmbito do Amor. A Caridade nunca está paga, está sempre em aberto por mais que procuremos cumprir as nossas obrigações para connosco, para com os outros, para com Deus. Há sempre a possibilidade de mais e melhor. Aos Romanos, São Paulo aconselhava: “Não fiqueis a dever nada a ninguém, a não ser isto: amar-vos uns aos outros”(13, 8). E Jesus Cristo foi claro: “Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35).



Esperança na seriedade


A Quaresma é este tempo de esperança na seriedade. É tempo de atitude alegre na alegria que Cristo nos veio trazer. A Quaresma dispõe-nos para acolher a Palavra de Deus e celebrar os Sacramentos. Convoca-nos para penetrar no mistério de Deus que é Amor e nos ama infinitamente. Convida-nos a rever a situação da fidelidade aos compromissos batismais, ao acordado: ao acordado e assinado, geralmente pelos pais e padrinhos; desafia-nos a investir, a aplicar os dons que Deus nos deu, isto é, a fazer aquilo que deve ser feito para nosso bem e bem de todos. E se tudo pode ser olhado como rica consequência do Batismo, a preparação e celebração do Sacramento da Reconciliação levam-nos a ver e a rever o nível da fidelidade ao Deus que é Amor, a pedir-Lhe perdão de coração contrito e a renovar o desejo de continuar a investir, com caridade e amor, nos bens que não perecem e a traça não corrói, de olhos postos na Cruz de Cristo e no Cristo da Cruz, ressuscitado, vivo e presente em cada pessoa.
Bento XVI, na sua mensagem para esta Quaresma, diz-nos que se trata de “um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal”. Apoia-se na Carta aos Hebreus, onde o autor aconselha a que “Prestemos atenção uns aos outro, para nos estimularmos ao amor e às boas obras” (10,24). O Santo Padre desenvolve o tema falando da responsabilidade pelo irmão e do dom da reciprocidade para caminharmos juntos na santidade, através do amor, do serviço e das obras boas.
Mesmo tendo a certeza que isso vai acontecer, apelamos a todas as Comunidades Paroquiais, a começar pelas suas instâncias de animação pastoral, a que assumam o seu trajeto quaresmal com determinação e ousadia, em etapas concretas e programadas, em que todos sejam envolvidos e estimulados, a começar com a bênção e imposição das Cinzas. Mais do que admiradores a olhar para o Céu e inativos, Cristo deseja seguidores, felizes e determinados.
Como hoje se torna fácil comunicar, pedimos a todos os responsáveis pelas comunidades paroquiais a que partilhem uns com os outros, de um ao outro canto da Diocese, as iniciativas que vão tomando pois podem ajudar e animar a todos. Estou certo que até a concretização do Sínodo vai lucrar. A vivência da Quaresma levará os mais distraídos e aqueles que ainda não começaram a trabalhar em e para o Sínodo, a reconhecer que têm uma grande dívida a pagar, e que a têm de pagar com mais dedicação, com muito amor e até ao fim. Por este sinal vos hão de conhecer…
Atendendo à situação que vivemos, a renúncia quaresmal deste ano reverterá para o Fundo Social Diocesano, cuja gestão é feita pela Cáritas Diocesana em prol dos mais carenciados nas paróquias da Diocese.

Portalegre, 13 de Fevereiro de 2012.
Antonino Dias
 Bispo de Portalegre-Castelo Branco


A Mensagem de Bento XVI para a Quaresma 2012, pode ser lida - Aqui 

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Encontro dos Directores dos Secretariados Diocesanos das Missões



No passado dia 24 de Janeiro, na Casa da Senhora das Dores, em Fátima, reuniram-se os directores dos Secretariados Diocesanos das Obras Missionárias Pontifícias (OMP). Recentemente escolhido como Director Nacional, o P. António Lopes, presidiu a este primeiro encontro. Participaram a maioria dos directores, havendo alguns que, por estarem em formação ou retiro, justificaram a sua ausência. De salientar, a presença da Diocese de Aveiro, cujo director é um leigo.

Após o acolhimento e a oração, houve uma partilha das luzes e sombras, das dificuldades e alegrias, das novas perspectivas de trabalho a partir da Carta Pastoral “Como eu vos fiz, fazei vós também” – Para um rosto missionário da Igreja em Portugal.

Uns há mais anos, outros a começar este serviço, foram relatando as experiências, as acções missionárias diocesanas e os caminhos percorridos. A diocese do Porto, “Missão na Cidade - 2010”, foi o exemplo mais marcante e divulgado. Com acções mais abrangentes e mais visíveis, com momentos de oração/vigília e de reflexão, uns e outros testemunharam o seu empenho. Todavia, alguns dos presentes, relataram a sua falta de tempo para se dedicar, por inteiro, a este serviço, pois as muitas solicitações diocesanas ou paroquiais, não permitem a disponibilidade necessária. Outros, testemunharam alguma resistência a acções missionárias, por parte de alguns sacerdotes e comunidades, pois mexem com os programas e rotinas paroquiais.


O P. Tony Neves, destacou a vivência da Vigília Ecuménica Jovem, que decorreu a 21 de Janeiro, na igreja de S. Tomás de Aquino – Lisboa, que juntou mais de seiscentas pessoas. Também deu a conhecer o Curso “Missão hoje”, promovido pela Escola Diocesana de Leigos, que se realiza todas as segundas feiras, de Fevereiro a Junho, com 15 sessões, todas elas reflectindo temáticas missionárias.
Feita esta partilha, rica de experiências e capaz de motivar acções nesta ou naquela diocese, reflectimos sobre as Jornadas Missionárias a nível nacional, que se realizam em Fátima, todos os anos, em Setembro. Falou-se no modelo, nas temáticas, na alternância, por dioceses – um ano em Fátima, outro ano, numa diocese -, na criação de um momento final abrangente a todos os grupos missionários (tipo peregrinação, no último dia das jornadas). Estas jornadas tiveram o seu ponto alto no Congresso Missionário, em 2008 e, todos os anos, reúne cerca de cinco centenas de missionários, grande parte deles, gente jovem, ligada aos Institutos Missionários.

Um outro assunto abordado foi a divulgação das Obras Missionárias, nomeadamente a Infância Missionária, a Obra de S. Pedro Apóstolo e a União Missionária do Clero (procurar mais em www.opf.pt). Trocaram-se ideias sobre a Infância Missionária, a partir das experiencias dos Açores e do Algarve. O director nacional, em reunião europeia para este sector, vai inteirar-se do modo como outros países a animam e divulgam. Todos acolheram a ideia de tornar mais visível esta Obra, a partir da catequese e das famílias.
Abordou-se ainda a necessidade de reuniões anuais para os directores diocesanos, da partilha de experiências e comunicação das mesmas, através dos meios técnicos disponíveis; falou-se ainda da elaboração e distribuição dos apoios temáticos para o Outubro Missionário, das acções diocesanas ou paroquiais de reflexão e estudo para leigos, religiosos e sacerdotes da Carta Pastoral, bem como do Curso de Missiologia (Agosto – Fátima) e da Exposição Missionária (Fátima, de Maio a Outubro).
Os directores presentes sentiam a necessidade deste encontro e o mesmo ajudou a ver mais claro o dinamismo missionário das dioceses. Os desafios continuam, as experiências partilhadas apontam caminhos, a comunhão de esforços cria novas energias e potencialidades.

Valeu a pena o encontro: a Missão urge! O Mestre continua a dizer: “Ide e anunciai a Boa nova a todos os povos!”

P. Agostinho Sousa

Novo Secretariado Diocesano das Missões








Director:in solidum: P. Jacinto (JaceK) Cezary Baginski e P. Sebastião (Sebastian) Joseph, P.

Sector/departamento:P. Sebastião (Sebastian) Joseph, SVD, Ir. Adriana Torquato, Sérgio Augusto Matos e Luísa Maria Valente Fernandes, Bárbara Catarina Almeida Pereira.