terça-feira, 31 de maio de 2011

«Todos, tudo e sempre em Missão»

O Presidente da Comissão Episcopal das Missões, feitas as diligências necessárias, indicou nomes a poderem ser apresentados pela CEP à Congregação para a Evangelização dos Povos, a quem compete a nomeação do próximo Director Nacional das Obras Missionárias Pontifícias. Deu também conhecimento das principais iniciativas nacionais a realizar no ano em curso: Curso de Missiologia, na Casa da Consolata, em Fátima, de 23 a 27 de Agosto; Jornadas Missionárias Nacionais, na Igreja da Santíssima Trindade, em Fátima, de 16 a 18 de Setembro, sob o tema genérico «Voluntariado e Missão»; Guião «Outubro Missionário», subordinado ao tema «Todos, tudo e sempre em Missão», da Mensagem do Papa para o Dia Missionário Mundial, que valorizará ainda as temáticas do Voluntariado e do espírito do Encontro de Assis.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Padre Tony Neves apresenta tese de doutoramento sobre o papel da Igreja no processo da paz em Angola

O missionário espiritano Tony Neves defendeu, no passado dia 10 de Maio, em Lisboa, a sua tese de doutoramento em ciência política, sobre o tema “Justiça e Paz nas intervenções da Igreja Católica em Angola (1989-2002)”.
Apresentado na Universidade Lusófona, em Lisboa, o trabalho científico tinha como objectivos “provar” que“a Igreja Católica foi uma instituição muito importante no processo de paz” naquele país lusófono e que a instituição “interveio em contexto de alto risco para reparar os danos causados pela guerra”.
O júri de defesa da tese de doutoramento do padre Tony Neves era constituído por três arguentes externos (D. Manuel Clemente, Marcelo Rebelo de Sousa e frei José Nunes) e três arguentes internos (Fernando Campos, Adelino Torres e José Fialho Feliciano, orientador do trabalho), tendo aprovado o trabalho com “louvor e distinção”.
Rawls, Simmel, Bobbio e Adriano Moreira foram alguns autores da ciência política estudados para compreender os conceitos de justiça e paz em Angola. A tese de Tony Neves assenta no método qualitativo, não estatístico e não probabilístico, com “muita observação no terreno”, entrevistas e uma abordagem “exaustiva” a 58 mensagens da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST).
O missionário português esteve em Angola entre 1989 e 1994, na cidade de Huambo, que “nessa altura foi completamente arrasada”, e ajudou “a apanhar os cacos”. Nesta teia complexa, Tony Neves frisou também que as mudanças em Angola são notórias: “Só o facto de terem acabado os combates é uma diferença enorme”.
A aplicação de valores no terreno “não é automático e não se faz de um dia para o outro”, todavia há uma “trabalho de base que a Igreja continua a fazer”, tal como algumas organizações civis.
A guerra em Angola “durou muito tempo” e os direitos humanos devem ser “mais vividos e testemunhados”, concluiu o novo doutor.
Fonte  - Aqui - 

domingo, 15 de maio de 2011

Semana da Vida


No magistério da Igreja, a grande referência sobre a defesa, promoção, veneração e amor da vida é a encíclica O Evangelho da Vida, do Papa João Paulo II, agora proclamado Bem- aventurado. A força e premência das suas palavras assentam no apelo à vida inscrito pelo Criador no mais íntimo de cada homem e no anúncio da pessoa de Jesus Cristo, o Verbo de Deus, em Quem a vida se manifestou em toda a sua p l e n i t u d e. Assentam também na actualidade da sua intervenção no nosso tempo, marcado pela dicotomia profunda entre a “cultura da vida” e a “cultura da morte”.


ESCOLHE A VIDA E VIVERÁS. Inspirado no texto da Encíclica, o tema corresponde à necessidade confirmada de nos assumirmos imersos neste conflito entre a vida e a morte.«Também para nós, ressoa claro e forte o convite de Moisés: “Vê, ofereço-te hoje, de um lado, a vida e o bem; do outro, a morte e o mal. [...] Escolhe a vida, e então viverás” (Dt 30, 15.19)».  Com a força recebida de Cristo, que venceu o mundo pela sua morte e ressurreição, queremos viver e anunciar o Evangelho da vida, «sem temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambiguidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo (Cf. Rom 12,2)».
Documentos importantes para ajudar a viver esta semana:
  • Todo o texto sobre o tema  da SEMANA DA VIDA em pdf - Aqui -
  • Oração diária da SEMANA DA VIDA em pdf - Aqui -

  • Recitação do Terço - Aqui

  • Enquadramento litúrgico da SEMANA DA VIDA - Aqui   

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Em semana das Vocações... Um testemunho Missionário!

Toda a nossa vida é risco e só vive quem arrisca.




«E eles, imediatamente, deixaram as redes e seguiram-no». Mt 4,20

Olá, jovem

Aquela tarde, há 38 anos, ficou marcada para sempre na minha memória. Lembro-a como se fosse hoje. Pela primeira vez, que me lembre, ouvi falar da missão. Pela primeira vez me foi dirigido um convite grandioso, que eu nessa altura não imaginava pudesse acontecer, mas que foi possível e continua a realizar-se ainda hoje.

Certezas

Frequentemente, no contacto com os jovens, me é feita a pergunta: «Quando teve a certeza que era esta a sua vocação?» Certeza? Mas haverá certeza para o que à vocação diz respeito? Poderemos ter absolutas certezas em algo todo voltado para o presente e futuro, para a vida do dia-a-dia? Quem poderá falar de certeza para o seu dia, quando se levanta pela manhã? Toda a nossa vida é risco e só vive quem arrisca. E a vocação, porque é vida em plenitude, é risco também. Eu sou pelo risco, contra a segurança. Sou pela audácia contra o comodismo. Por isso sou padre, por isso sou missionário.

Riscos

O risco é parte substancial da condição humana. Não se pode fazer nada de sério neste mundo sem se expor, muitas vezes, ao fracasso. E a única maneira de nunca se equivocar – ou de se equivocar sempre – é renunciar a toda a aventura por pura covardia.
A obsessão pela segurança é um dos mais graves obstáculos para realizar uma vida. Não digo, claro está, de excluir a prudência, a reflexão antes da acção, o saber escolher as melhores circunstâncias para a empreender. Mas a falsa prudência que acaba por ser paralisante é insuportável. Aqueles que elegem a segurança como o maior valor da vida nunca atingirão nada de visível, de marcante. Nunca farão nada significativo na sua vida.

O risco da vocação

Por vezes, também, vêm jovens interrogar-me sobre a sua vocação e perguntam como podem estar «seguros» de que Deus os chama. A estes respondo, invariavel­mente: nunca saberás qual é a tua vocação enquanto partires do conceito de segurança, enquanto estiveres preocupado com a segurança, a certeza absoluta. Como podes ter a certeza absoluta de que é aquele rapaz, ou aquela rapariga, a pessoa certa para construíres a tua vida e por conseguinte, a tua felicidade? Como podes ter a certeza do que vais viver durante este dia que vem até ti?
Em toda a vocação, em todo o empreendimento humano, há uma componente de risco. E o que não for capaz de se arriscar um pouco por aquilo que ama, é porque não ama nada. Todas as grandes coisas são inseguras; vêem-se por entre as trevas; é necessário avançar para elas por terreno desconhecido. Por isso, toda a vocação, toda a empresa séria tem algo de aventura, de aposta. E implicam audácia e confiança.

Arriscar para viver

Não estou a fazer uma apologia nem a apostar na irreflexão, na frivolidade, no «aventureirismo» barato. Não é um risco «à toa». Muito menos estupidez, porque «sei em quem pus a minha confiança».
O que quero dizer é que todo o amor supõe um salto no escuro: a gente lança-se para aquilo que ama e está certo que esse salto não será uma loucura, porque ninguém se engana quando vai para aquilo que merece ser amado. A vida merece ser amada. E merece-o apesar de sabermos que nela haverá muitas quedas e muitos tropeços. Mas quem tiver medo de tropeçar alguma vez, não se levante da cama pela manhã. Assim evita sofrer. Porque já está morto."


Padre Leonel Claro, Missionário Comboniano 
Artigo - Além Mar


terça-feira, 3 de maio de 2011

48º Dia Mundial das Vocações



MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI PARA O 48º DIA MUNDIAL DAS VOCAÇÕES

Queridos irmãos e irmãs!
O 48.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que será celebrado no dia 15 de Maio de 2011, IV Domingo de Páscoa,convida-nos a reflectir sobre o tema: «Propor as vocações na Igreja local». Há sessenta anos, o Venerável Papa Pio XII instituiu a Pontifícia Obra para as Vocações Sacerdotais. Depois, em muitas dioceses, foram fundadas pelos Bispos obras semelhantes, animadas por sacerdotes e leigos, correspondendo ao convite do Bom Pastor, quando, «ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão por elas, por andarem fatigadas e abatidas como ovelhas sem pastor» e disse: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe» (Mt 9, 36-38).

A arte de promover e cuidar das vocações encontra um luminoso ponto de referência nas páginas do Evangelho, onde Jesus chama os seus discípulos para O seguir e educa-os com amor e solicitude. Objecto particular da nossa atenção é o modo como Jesus chamou os seus mais íntimos colaboradores a anunciar o Reino de Deus (cf. Lc 10, 9). Para começar, vê-se claramente que o primeiro acto foi a oração por eles: antes de os chamar, Jesus passou a noite sozinho, em oração, à escuta da vontade do Pai (cf. Lc 6, 12), numa elevação interior acima das coisas de todos os dias. A vocação dos discípulos nasce, precisamente, no diálogo íntimo de Jesus com o Pai. As vocações ao ministério sacerdotal e à vida consagrada são fruto, primariamente, de um contacto constante com o Deus vivo e de uma oração insistente que se eleva ao «Dono da messe» quer nas comunidades paroquiais, quer nas famílias cristãs, quer nos cenáculos vocacionais.
O Senhor, no início da sua vida pública, chamou alguns pescadores, que estavam a trabalhar nas margens do lago da Galileia: «Vinde e segui-Me, e farei de vós pescadores de homens» (Mt4, 19). Mostrou-lhes a sua missão messiânica com numerosos «sinais», que indicavam o seu amor pelos homens e o dom da misericórdia do Pai; educou-os com a palavra e com a vida, de modo a estarem prontos para ser os continuadores da sua obra de salvação; por fim, «sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai» (Jo 13, 1), confiou-lhes o memorial da sua morte e ressurreição e, antes de subir ao Céu, enviou-os por todo o mundo com este mandato: «Ide, pois, fazer discípulos de todas as nações» (Mt 28, 19).

A proposta, que Jesus faz às pessoas ao dizer-lhes «Segue-Me!», é exigente e exaltante: convida-as a entrar na suaamizade, a escutar de perto a sua Palavra e a viver com Ele; ensina-lhes a dedicação total a Deus e à propagação do seu Reino, segundo a lei do Evangelho: «Se o grão de trigo cair na terra e não morrer, fica só ele; mas, se morrer, dá muito fruto» (Jo12, 24); convida-as a sair da sua vontade fechada, da sua ideia de auto-realização, para embrenhar-se noutra vontade, a de Deus, deixando-se guiar por ela; faz-lhes viver em fraternidade, que nasce desta disponibilidade total a Deus (cf. Mt 12, 49-50) e se torna o sinal distintivo da comunidade de Jesus: «O sinal por que todos vos hão-de reconhecer como meus discípulos é terdes amor uns aos outros» (Jo 13, 35).
Também hoje, o seguimento de Cristo é exigente; significa aprender a ter o olhar fixo em Jesus, a conhecê-Lo intimamente, a escutá-Lo na Palavra e a encontrá-Lo nos Sacramentos; significa aprender a conformar a própria vontade à d'Ele. Trata-se de uma verdadeira e própria escola de formação para quantos se preparam para o ministério sacerdotal e a vida consagrada, sob a orientação das autoridades eclesiásticas competentes. O Senhor não deixa de chamar, em todas as estações da vida, para partilhar a sua missão e servir a Igreja no ministério ordenado e na vida consagrada; e a Igreja «é chamada a proteger este dom, a estimá-lo e amá-lo: ela é responsável pelo nascimento e pela maturação das vocações sacerdotais» (João Paulo II, Exort. ap. pós-sinodal Pastores dabo vobis, 41). 

Especialmente neste tempo, em que a voz do Senhor parece sufocada por «outras vozes» e a proposta de O seguir oferecendo a própria vida pode parecer demasiado difícil, cada comunidade cristã, cada fiel, deveria assumir, conscientemente, o compromisso de promover as vocações. É importante encorajar e apoiar aqueles que mostram claros sinais de vocação à vida sacerdotal e à consagração religiosa, de modo que sintam o entusiasmo da comunidade inteira quando dizem o seu «sim» a Deus e à Igreja. Da minha parte, sempre os encorajo como fiz quando escrevi aos que se decidiram entrar no Seminário: «Fizestes bem [em tomar essa decisão], porque os homens sempre terão necessidade de Deus - mesmo na época do predomínio da técnica no mundo e da globalização -, do Deus que Se mostrou a nós em Jesus Cristo e nos reúne na Igreja universal, para aprender, com Ele e por meio d'Ele, a verdadeira vida e manter presentes e tornar eficazes os critérios da verdadeira humanidade» (Carta aos Seminaristas, 18 de Outubro de 2010).


É preciso que cada Igreja local se torne cada vez mais sensível e atenta à pastoral vocacional, educando a nível familiar, paroquial e associativo, sobretudo os adolescentes e os jovens - como Jesus fez com os discípulos - para maturarem uma amizade genuína e afectuosa com o Senhor, cultivada na oração pessoal e litúrgica; para aprenderem a escuta atenta e frutuosa da Palavra de Deus, através de uma familiaridade crescente com as Sagradas Escrituras; para compreenderem que entrar na vontade de Deus não aniquila nem destrói a pessoa, mas permite descobrir e seguir a verdade mais profunda de si mesmos; para viverem a gratuidade e a fraternidade nas relações com os outros, porque só abrindo-se ao amor de Deus é que se encontra a verdadeira alegria e a plena realização das próprias aspirações. «Propor as vocações na Igreja local» significa ter a coragem de indicar, através de uma pastoral vocacional atenta e adequada, este caminho exigente do seguimento de Cristo, que, rico de sentido, é capaz de envolver toda a vida.


Dirijo-me particularmente a vós, queridos Irmãos no Episcopado. Para dar continuidade e difusão à vossa missão de salvação em Cristo, «promovam o mais possível as vocações sacerdotais e religiosas, e de modo particular as missionárias» (Decr. 
Christus Dominus, 15). O Senhor precisa da vossa colaboração, para que o seu chamamento possa chegar aos corações de quem Ele escolheu. Cuidadosamente escolhei os dinamizadores do Centro Diocesano de Vocações, instrumento precioso de promoção e organização da pastoral vocacional e da oração que a sustenta e garante a sua eficácia. Quero também recordar-vos, amados Irmãos Bispos, a solicitude da Igreja universal por uma distribuição equitativa dos sacerdotes no mundo. A vossa disponibilidade face a dioceses com escassez de vocações torna-se uma bênção de Deus para as vossas comunidades e constitui, para os fiéis, o testemunho de um serviço sacerdotal que se abre generosamente às necessidades da Igreja inteira.



Concílio Vaticano II recordou, explicitamente, que o «dever de fomentar as vocações pertence a toda a comunidade cristã, que as deve promover sobretudo mediante uma vida plenamente cristã» (Decr. Optatam totius, 2). Por isso, desejo dirigir uma fraterna saudação de especial encorajamento a quantos colaboram de vários modos nas paróquias com os sacerdotes. Em particular, dirijo-me àqueles que podem oferecer a própria contribuição para a pastoral das vocações: os sacerdotes, as famílias, os catequistas, os animadores. Aos sacerdotes recomendo que sejam capazes de dar um testemunho de comunhão com o Bispo e com os outros irmãos no sacerdócio, para garantirem o húmus vital aos novos rebentos de vocações sacerdotais. Que as famílias sejam «animadas pelo espírito de fé, de caridade e piedade» (Ibid., 2), capazes de ajudar os filhos e as filhas a acolherem, com generosidade, o chamamento ao sacerdócio e à vida consagrada. Convictos da sua missão educativa, os catequistas e os animadores das associações católicas e dos movimentos eclesiais «de tal forma procurem cultivar o espírito dos adolescentes a si confiados, que eles possam sentir e seguir de bom grado a vocação divina» (Ibid., 2).
Queridos irmãos e irmãs, o vosso empenho na promoção e cuidado das vocações adquire plenitude de sentido e de eficácia pastoral, quando se realiza na unidade da Igreja e visa servir a comunhão. É por isso que todos os momentos da vida da comunidade eclesial - a catequese, os encontros de formação, a oração litúrgica, as peregrinações aos santuários - são uma ocasião preciosa para suscitar no Povo de Deus, em particular nos mais pequenos e nos jovens, o sentido de pertença à Igreja e a responsabilidade em responder, com uma opção livre e consciente, ao chamamento para o sacerdócio e a vida consagrada.

A capacidade de cultivar as vocações é sinal característico da vitalidade de uma Igreja local. Invoquemos, com confiança e insistência, a ajuda da Virgem Maria, para que, seguindo o seu exemplo de acolhimento do plano divino da salvação e com a sua eficaz intercessão, se possa difundir no âmbito de cada comunidade a disponibilidade para dizer «sim» ao Senhor, que não cessa de chamar novos trabalhadores para a sua messe. Com estes votos, de coração concedo a todos a minha Bênção Apostólica.


domingo, 1 de maio de 2011

João Paulo II Missionário



«Veio de longe», viagens apostólicas, Redemptoris Missio, sínodos, JMJ, Assis, «Não tenham medo!». Estas são as imagens de marca das opções missionárias de João Paulo II. Não se assustem com as siglas nem com o latim.

A 1 de Maio, Karol Wojtyla sobe aos altares, apontado pela Igreja como testemunha credível da vida cristã para o nosso tempo. Ele foi um Papa escritor e, sobre ele, muito se escreveu e escreve. Gostava, contudo, de fazer uma focagem nas suas intervenções, onde a dimensão missionária veio ao de cima.
«Veio de longe», do outro lado do Muro de Berlim, da sua Polónia natal, onde a Igreja era perseguida, a liberdade reduzida a uma palavra de dicionário e os direitos humanos constantemente espezinhados. A sua missão exigia, neste contexto, uma coragem à prova da fé. E ele teve-a, pagando caro por tal ousadia. Mais tarde, como Papa, a partir de Roma, deu um tal empurrão que o Muro caiu.

Abriu o Vaticano ao mundo, voando ao encontro de povos e culturas, dando diversas voltas à terra nas suas viagens apostólicas para proclamar bem alto o Evangelho, confirmando a caminhada de fé das comunidades. Proclamou, alto e bom som, os valores humanos gravados nas páginas dos evangelhos e denunciou todos os atentados à dignidade e aos direitos humanos, sobretudo dos mais pobres.

Publicou a Redemptoris Missio – A Missão do Redentor - a encíclica missionária por excelência, onde está escrito que todos os cristãos são chamados à santidade e à missão. Lá se apresenta o Espírito Santo como protagonista da missão e se chama a atenção para os novos areópagos dos tempos modernos, que são chamados pelos próprios nomes: o mundo das comunicações, o empenhamento pela paz, o desenvolvimento e a libertação dos povos, a promoção da mulher e da criança, a protecção da natureza, o mundo da cultura, da pesquisa científica e das relações internacionais.

Lançou os sínodos dos bispos para cada um dos continentes, reconhecendo a riqueza da diversidade, mas apelando à comunhão de todas as comunidades. Defendeu uma Igreja que está presente nos quatro cantos da terra, com histórias e formas de ser diferentes.
Convocou, em 1985, os jovens do mundo inteiro a Roma para se encontrar com eles, rezar e fazer festa, dizendo-lhes que confiava neles, pois a Igreja só será jovem quando os jovens forem Igreja. Madrid acolhe este Verão a 26ª edição das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), um espaço de Missão no «Planeta Jovem».
Assis fica para a história como a terra onde nasceu São Francisco, o símbolo da paz e da fraternidade universal. Foi lá que João Paulo II, em 1986, se encontrou com os líderes das principais religiões do mundo para um tempo de reflexão e oração pela paz. O «espírito de Assis» mantém-se vivo e Bento XVI lá irá para marcar os 25 anos deste momento histórico e para carimbar a importância do ecumenismo e do diálogo inter-religioso.
Da janela do Vaticano, Karol Wojtyla gritou um «não tenham medo», que todo o mundo ouviu e guardou no coração. Com a sua vida e missão marcou a Igreja e a humanidade. Merece o altar.

Pe. Tony Neves