sábado, 20 de novembro de 2010

Sínodo Diocesano: Porquê?

Acredito que muitos já se tenham interrogado sobre as razões para a realização de um sínodo na nossa diocese. Acredito que alguns terão enumerado algumas. Com certeza, elas são muitas e variadas. Também eu alinho algumas, para reflexão comum.

- Porque a Igreja e as sociedades - afinal, as pessoas que as constituem - mudaram muito e continuam a mudar: o pensamento, os critérios, os valores, a acção, as perguntas e as respostas. E tudo isto exige muita atenção por parte dos cristãos;

- Porque se reconheceu que o sínodo diocesano pode ser um meio adequado e necessário, para intensificar a comunhão e fomentar a co-responsabilidade de todos: Bispo, padres, diáconos, consagrados, leigos, movimentos, associações, obras diversas;

- Porque há problemas novos a enfrentar, nas sociedades de hoje: as novas formas de pobreza - e as velhas que teimosamente perduram - que sempre degradam a dignidade da pessoa humana; a corrosão da vida familiar tem-se intensificado e assusta muita gente, com razão; a difusão de novas propostas de prática religiosa, em detrimento da prática cristã; o subjectivismo moral cada vez mais enraizado na prática de muita gente, mesmo de muitos cristãos, por força do qual se aprofunda e alarga a degradação moral;

- Porque, além dos permanentes, há desafios pastorais novos, que importa analisar à luz do Evangelho e da missão da Igreja diocesana. Enumero alguns:

* A pregação e o testemunho de Cristo e do seu Evangelho, numa sociedade cada vez mais indiferente a uma proposta de vida, segundo os critérios evangélicos;
* A nova evangelização, com novos métodos, novos meios, novo ardor, dirigida a destinatários diferenciados: aos que ainda desconhecem o Evangelho e a Pessoas de Cristo; aos que, baptizados embora, abandonaram a prática da fé, que a verdade do Baptismo pressupõe; aos que, permanecendo fiéis ao seu Baptismo, precisam de a aprofundar, envolvidos como estão num mundo que mudou e desafia.
* A utilização dos novos meios de difusão do Evangelho, nomeadamente através da internet, seguindo o exemplo da Sé Apostólica;
* A formação permanente dos cristãos, visando a maturidade da sua fé e a consolidação de comunidades cristãs activas, com a força do fermento, da luz e do sal, no mundo de hoje;
* O envelhecimento dos Padres e das comunidades cristãs da nossa diocese e, daí, a necessidade de criar e dinamizar novos ministérios e serviços na vida da Igreja diocesana: diáconos permanentes, ministros extraordinários da celebração dominical, ministros extraordinários da comunhão, catequistas; grupos de acção social e caritativa....
* A criteriosa distribuição dos Padres disponíveis - são cada vez menos e as necessidades são cada vez maiores - para o seu ministério específico na Igreja diocesana;
* A assistência pastoral às Comunidades cristãs a que o Padre cada vez mais raramente chega, desafio sentido cada vez com maior acuidade entre nós;
* A acção pastoral adequada para o despertar e o acompanhamento vocacional dos jovens, nomeadamente as vocações para o sacerdócio ministerial e para a vida consagrada, religiosa ou laical, mas também para a vida em família, assente no Sacramento do Matrimónio;

- Porque a Igreja diocesana no seu todo e nas comunidades cristãs deve continuar a ser sinal da presença de Jesus Cristo vivo no seu seio: é uma razão teológica profunda, que não podemos esquecer;

- Porque o Espírito Santo, dado à Igreja por Cristo ressuscitado, continua a sua acção transformadora dos corações e porque todos a Ele devem abrir-se. É esta outra razão teológica de que todos devemos estar conscientes. O Espírito Santo é que conduz a Igreja, ainda que através de pessoas concretas, atentas os seus sinais;

-Porque importa renovar iniciativas e métodos já experimentados noutros tempos, se ainda válidos, mas também abrir caminhos novos, para a acção pastoral eficaz. Esta tarefa exige trabalho em comum, espírito de Igreja e fidelidade ao Espírito de Deus.

- Porque é imperioso reacender a chama da fé mortiça na vida de muitos cristãos;

- Porque se torna necessário dar expressão comunitária visível à fé que se vive;

- Porque muitos homens e mulheres anseiam pela palavra, reclamam o testemunho e esperam a acção específica da Igreja diocesana.

Pe Bonifácio Bernardo